segunda-feira, 25 de março de 2013

Com uma Maria pernambucana, Paixão de Cristo de Nova Jerusalém valoriza talento local




A Maria da 46ª Paixão de Cristo de Nova Jerusalém é também uma guerreira de Tejucupapo. As heroínas pernambucanas que lutaram contra a invasão holandesa foram referência para a construção da personagem pela recifense Luciana Lyra, que desenvolve pesquisa sobre o universo feminino desde 2011, quando fez a performance Joana in cárcere, após um curso de direção teatral com o professor Roberto Lúcio. Sobre as heroínas de Tejucupapo, dirigiu o espetáculo Guerreiras, lançado em livro e adaptado por ela para o infantojuvenil De como meninas guerreiras contaram heroínas. “A guerra dela é da maternidade. De ter o filho, lançá-lo no mundo e vê-lo cumprir sua missão”, compara. “É uma coroação da minha investigação de tempos. Isso influencia maneira como conduzi a gravação, o trabalho corporal”.


A Paixão de Cristo de Nova Jerusalém está pernambucana como há muito não conseguia. Jesus (José Barbosa) e Maria voltam a ser interpretados, simultaneamente, por atores da terra. A presença de artistas de projeção nacional começou em 1997, como estratégia para atrair o público. De lá para cá, passaram pelo maior teatro ao ar livre do mundo, no Brejo da Madre de Deus, nomes como Thiago Lacerda, Murilo Rosa, Oscar Magrini, Susana Vieira, Carmo Dalla Vecchia, Camila Morgado e Henri Castelli, entre outros. 

Luciana Lyra herda o papel que foi de uma conterrânea pela última vez em 2008, com Fabiana Pirro. Nos primeiros anos, Maria foi interpretada por Diva Pacheco, idealizadora, ao lado do marido Plínio, do sonho gigantesco que é a Paixão. “É um privilégio, dentre tantas boas atrizes, ser escolhida para esse papel, que foi de Diva, uma pioneira.” Luciana a viu nos palcos de Nova Jerusalém quando ainda era criança.

A carreira da atriz pernambucana, de 38 anos, começou a se desenhar nos tempos dos colégios Vera Cruz e Contato, onde integrava os grupos de teatro. No terceiro ano, enquanto estudava para o vestibular de direito, passou em um teste de elenco para o Teatro de Amadores de Pernambuco, no qual atuou como atriz (O diário de Anne Frank, Bob e Bobette e Um sábado em 30) e diretora (A droga da obediência e Terra @dorada). 

Os trabalhos de Luciana são quase todos autorais, frutos de processo de pesquisa, e não baseados em dramaturgias já existentes, como é o caso da Paixão. Para ela, o papel de Maria encerra seu ciclo com o feminino. Este ano, vai retomar a performance Joana in cárcere, agora travestida de Joana apocalíptica. “Ela já saiu do cárcere há muito tempo. Quero fechar esse ciclo. Maria me ajudou a entender que estou indo para outro caminho, talvez da maternidade. Não é à toa que estou investigando muito sobre isso”, conta, sobre o desejo de ser mãe.


Atriz Luciana Lyra interpreta Maria.  Foto: Teresa Maia/DP/D.A.Press
Atriz Luciana Lyra interpreta Maria. Foto: Teresa Maia/DP/D.A.Press

Luciana está na direção de dois espetáculos,Casa da mãe, de dança contemporânea, e As imigrantes (nome provisório), sobre imigração, além de ter assumido a direção cênica do próximo show da amiga pernambucana Alessandra Leão. Após a Paixão de Cristo, ela assume o cargo de professora na Universidade Estadual Paulista.

Fonte: Pernambuco.com

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