
PORTAL DO INTERIOR - Como surgiu essa idéia de gravar um filme?
Luiz Carlos Farias -
Em 1997 tive vontade de fazer meu primeiro filme. Inicialmente, eu queria fazer um documentário sobre minha família. Partindo daí, fiz o roteiro e comecei a gravar O Preço da Ignorância. E chamei, um grande amigo, João Gabu pra me ajudar a dirigir o filme. Na verdade, começou por uma brincadeira só que, Ricardo Carvalho, começou a fazer divulgação na mídia, daí caiu na praça. As pessoas começaram a assitir. Inicialmente ninguém botava fé, a produção foi toda independente e paguei na época R$3.500,00.
Cinco anos depois gravei o segundo filme, O Perfil de um Crime, também escrevi roteiro e tudo, a direção foi de João Gabu e Aldo Bernardo. Esse segundo longa, foi uma cobrança das pessoas que assistiram o primeiro filme. Criei uma ficção que se enquadra no cotidiano de muitas pessoas ambiciosas que passam por cima dos outros.
O público gostou e eu lancei meu terceiro filme, Valentim, novamente com direção de João Gabu e com meu roteiro, algumas partes das filmagens também foram comigo. Ele, assim como o Preço da Ignorância, também é baseado em fato reais. Inclusive, esse filme, está fazendo muito sucesso na pirataria. E a continuação dele já está pronta. Pretendo começar as filmagens daqui pro final do ano.
PORTAL DO INTERIOR - Quem são as pessoas que participam do filme e como é produzido o elenco?
Luiz Carlos Farias -
A maioria do pessoal que faz parte do meu elenco são meus familiares: irmão, pai, tios, amigos etc. Passamos dificuldades e alegrias juntos, mas no final, tudo é muito gratificante.
Hoje, graças à abrangência dos filmes, algumas pessoas pedem pra participar do elenco.
PORTAL DO INTERIOR - Você recebe algum apoio?
Luiz Carlos Farias
Alguns empresários me apóiam, muitos acreditam no meu trabalho e tem até uns que se oferecem para ajudar, mas isso, só depois de ter ‘ralado’ nos dois primeiros filmes. A prefeitura poderia me ajudar, mas até gestão passada, ela nunca me ajudou.
PORTAL DO INTERIOR - Como é feita a divulgação?
Luiz Carlos Farias -
A divulgação é feita atrás de revistas e jornais locais. Quando gravei, Valentim, se espalhou mais um pouco e até as Tvs locais fizeram uma reportagem comigo. Inclusive, um dos repórteres de última hora fez uma cena no meu filme.
PORTAL DO INTERIOR - Como é ser cineasta em Gravatá?
Luiz Carlos Farias
Agora, pra mim é fácil pois estou no meio do conhecimento, muitos me procuram pra participar do filme e outros me cobram o lançamento do próximo. Financeiramente, se não fosse esses empresários, era cruel.
PORTAL DO INTERIOR - Você sente a necessidade de ter em Gravatá uma secretaria de cultura?
Luiz Carlos Farias -
Em um lugar que o cidadão não pode ter acesso nem a uma lei orgânica, como vai ter cultura? A cultura daqui é virada para os jovens, como por exemplo o JOEG.
Nós temos aqui, uma pessoa que gosta de ajudar os artistas de Gravatá é Madalena Medeiros, mas infelizmente, ela não pode ser mãe de todos. Gravatá é um celeiro de artistas, mas nem a prefeitura e nem os moradores da cidade dão valor ao que vem de dentro. As pessoas tem que começar a respeitar o que vem de dentro. Tem gente que chega e fala que meus filmes são ruins, mas ninguém tem coragem de fazer um pra competir com os meus. Não digo que meu trabalho é perfeito, mas pra quem não tem nada?
PORTAL DO INTERIOR - Qual a maior dificuldade enfrentada na hora das gravações?
Luiz Carlos Farias -
A dificuldade mesmo é a financeira. Não tenho condições de pagar atores profissionais, por isso, não posso pagar cachê. Mesmo que meus filmes acabem perdendo um pouco na qualidade, eu ainda tenho recebido elogios pela naturalidade da atuação dos atores nos filmes. Quando escolho o elenco, procuro pessoas que se encaixem naquele personagem. Por exemplo: Se eu pegar um homem acostumado a cuidar de gado e traba lhar na roça, ele vai ter um papel de peão.
PORTAL DO INTERIOR - Você se espelha em alguém?
Luiz Carlos Farias -
Tem uma pessoa que admiro muito, Mazzaropi, ele era um visionário. Ele via no passado, coisas que estão acontecendo hoje. Eu me espelho muito nele. Ariano Suassuna, também admiro bastante, só acho que ele é muito perfeccionista.
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